És perfeita
Mas sem mim
Obrigado caneta
Salvaste-me a vida

Eu é que sei.

Este ácido
Não é mau
Acordem-me
Quando o canalizador
Telefonar

Ficaram duas flores
Pelo meio
Tenho de tratar-lhes
Dos vasos
Hoje nem me lavei

Quando olho para estes
Dentes todos
Arreganham-se-me as ondas
Já não tenho medo
Agora só nas férias

Obrigado por
Não se lembrarem
De mim

Quando escreveres sobre
A toalha
Certifica-te se está molhada
Toma atenção
Leva lá o que quiseres
Eu é que sei
Se me rio disto quando acordar.

Tigre
Estás todo almofadado
Nada disto é único
Quando gritares
Levanta a cabeça
E eu fico aqui à espera
Que o frio me devolva
As patas.

Quando for a enterrar
Deixem-me de barriga
Para baixo
Para que não vos mije
A cara
Só peço uma mesinha de
Cabeceira
E que sacudam os pés
À entrada.

Chega o carro
que nos vem buscar
já abre os olhos
a furar o nevoeiro.

Pega-nos pelos pés
e depois na cabeça
com as suas lagartas.

Lá vai o enxertado
que sua dos dedos.

Hoje almoçou
quatro grãos de areia
e dois copos de resina.

Se tiveres, és o salvador
babado na areia
a luar caramelo
senta-se a ver
tudo de seguida
como marchas de sapateiras
a bicar nas ondas
mais depressa
a torre está a fugir.

Ai era onanista
Então toma lá
Nessa cabeça verde
Coisas com medo
Que saem da parede.

Andamos todos
a escrever
em montanhas

Deito-me grato
com o mundo
que deu
momento granítico
para perder
quero uma meia
de leite.

Ó Vasco
Tu tens dentes
Ó João
Tu tens patilhas
Ninguém tem nada
A ver com isso

Adriana. Ouço um ronco
A crescer
Fundo nos teus
Caracóis
Não te esqueças
Apaga a luz
Depois da guerra

Nada
Vai parar
Até que alguém
Parar
Te

Receita para o revelhão:
Procurar na enciclopédia
cicatrizes a andar
de moto
deixa alourar
e dormir para
o lado

Não sei quantos
Comprimidos
Hei-de dar a
Este elástico
Autodidata
Até que estale

Quero ser o filho
de altos prédios
não sei quando os
teus começaram
a bater mal
vou dar-te o
escorrega

Lembro a nossa
Infância
Como duas caricas
Torradas na praia
Fechando todas as bestas
Os primeiros poemas da velhice

Eu hei-de dar esta barba
A quem saiba penteá-la
Está partida a esta luz
Mas já lá estava.

Ó espelho da alma
Tu mereces
Pendurado a secar
Contra a parede

Vi a velha a olhar
Espantada
Ai que a amo
À janela
Era já agora
Não minto
Saciado

És um tapete
Pontiagudo
Começaram as aulas

Sanitas, não tenham
Medo destes olhos
Vou limpar este
Almoço
Às toalhas

Tive a sorte
Das ruínas
Japonesas
Num armário
Como quem
Escreve
Mão gelada no meu estômago quente

Não nos deixes
Sozinho nesta
Aventura

O quê?
Tens pirilampos
Dentro da tua
Toca?

Cão.

Preto.

Ácido.

Romãs.

Aquedutos, mas sem penas nem grasnam.

Meus amigos
Sei onde vos
Deixei.
Hei-de voltar
Para apanhar
Com o remo.

São cantigas
Ó revoltado
Pelo volfrâmio
Vive-se
E morre-se

A quem me encontrar,
Por favor, que diga ao
Meu aquecedor
Que não escrevi melhor
Porque estava
Com asma.

Ando desconfiado de
Umas garrafas de
Água. Deixa-me
Arrumar estas
Almofadas.

Demasiados
Adjectivos
Aterrorizados. A fugir
De mim.

Obrigado
Por estas
Folhas em
Branco

Deixa-me dormir
Ao teu lado
Bolacha
Para toda a
Gente ler