quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O cavaleiro mutante
Senta-se à espera

Que o caldeirão arrefeça
Que a gordura desponte
Que a ternura se derreta

Que assim não pode ser
Assim
Na cevada ardente

Põe o chapéu a meio da tarde
Dá o cavalo ao almoço
Esfrega as cucas da tia

E não teme o caçador
A missa
E os rastejadores de estrada

Assim
Como assim
Voam-se os campos

Que a vida é breve
E ele sabe a fruta

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Aquele banho de poço
Que não tomámos
Não volta às águas

Aquele sal misterioso
Que veio na conta
Não tinha desconto

Aquele calamar sem cor
Quando fechamos os olhos
Já lá estava

Aquele anúncio de tintas
Do arlequim flautado
Não era uma piada

Aquele dente coroado
Sorriu
E soltou amarras

Aquele buraco na memória
Tem mais espaço
Para espreguiçar-se

Aquele desjejum de sábado
Está aqui morto
Ao meu lado

Aquele regresso a casa
Não se faz
Sem fazer as malas

Aquele vento de oeste
Enche as velas
Com o que disse

Aquela vagem de ferro
Aconchega-me
Ao dormir

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Há cães que nascem para ser pastores
Há cães que levam ovelhas ao suicídio

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Posso fazer-te uma pergunta?
Porque é que não gostas do Marujo?