quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dei um salto de pernas de rã
Fui ao fundo
Mortiço e azul
Apontei os dois olhos
Às barras da mira estática
Que dava o tom molhado

Mais uma remada crespa
Que lá em cima pouco brilha
E não se vê ninguém
Que me deixe aprender sozinho
Põe-me os óculos, Mariposa
Leva-me daqui para fora

terça-feira, 1 de abril de 2014

Gosto de carneiro
Com corda permanente
Ligado à corrente
Não se perde na calenda

Dez mil passos a pé
Gastam gastam gastam
Dez mil passos a pé
Guardam-te as sandálias
De lanídeo almiscarado
A realidade
Não me mete medo
É uma colher inibidora
Como outro utensílio comparável
Sei que um dia vai parar
E largar-nos no passeio
Gosto deste mundo sem fios
Chove outra vez
Vou pôr o lixo a secar
Em caso de náusea
Parta o iogurte
Na temporada onze
Onde vi um lagarto no muro
Bandos de tubarões tristes
Flutuaram na piscina
Inflados do teu gás
Vou imolar-me com cloro
Já não é preciso nada
Andreia, estou a pensar para mim
Não ponhas picante no sumo das outras
Derrete-te antes no meu licor
Que não embriaga uma lesma
Não são maneiras de começar uma guerra
Somos lobos, é verdade
E a janela foi lançada ao lobos
Como uma posta de carne
Atacou-me pelas costas
E fiz-lhe frente sozinha
Que marcas me deixaste?
É mentira
Adeus, janela minha
Sou um garfo inspirado
Olhem para mim
Estou quase a acabar
Hoje soube que estava tudo bem
Não soube nada
E lavei-me debaixo da pele
Com o melhor detergente
A vigília
É diluidora
Da igualdade
A fartura
É engomadora
Da liberdade
A preguiça
Depois do almoço
A desvergonha
É um colectivo de cabras mimadas
É por isso
Que vamos jogar à espada
É uma ilha
É uma ilha
É uma ilha, estúpido
Começar uma frase por bem
Não a torna boa
Só há decência nas palavras
Pudim, espadachim e alicate
Trouxeste-me ambientador
Amigo das plantas
Não te consegui o obrigado
Tu pensavas que eu não era capaz
De dizer o nome desta gente toda
É bem feita
Para a tua cara de cratera
Enquanto subo ao Vesúvio
Vais serrando os apertos de mão
Medir tudo em vidas
Em campos e mundos
Faz mal aos meus dedos
É pasto para a vergonha
Emagrece famílias

Deixar a janela aberta
Não é mentira
Sentar à máquina
Não é batota
É matar a fome


Cansado do mesmo azul de sempre?
Não é normal.