sábado, 21 de fevereiro de 2015

Aquele banho de poço
Que não tomámos
Não volta às águas

Aquele sal misterioso
Que veio na conta
Não tinha desconto

Aquele calamar sem cor
Quando fechamos os olhos
Já lá estava

Aquele anúncio de tintas
Do arlequim flautado
Não era uma piada

Aquele dente coroado
Sorriu
E soltou amarras

Aquele buraco na memória
Tem mais espaço
Para espreguiçar-se

Aquele desjejum de sábado
Está aqui morto
Ao meu lado

Aquele regresso a casa
Não se faz
Sem fazer as malas

Aquele vento de oeste
Enche as velas
Com o que disse

Aquela vagem de ferro
Aconchega-me
Ao dormir

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